Anjos, Fadas e Sereias
Síntese do texto de Rui Magalhães
O ciberespaço não pode ser visto como isolado porque é um conjunto de estudos e desenvolvimentos tecnológicos, nomeadamente, as viagens espaciais, manipulação genética, microfísica, teorias factoriais e catástrofes, cirurgia plástica, televisão, informática e cibernética. A rede só nasce quando a civilização acredita no seu fim e no seu renascimento. O discurso político no ciberespaço perde o seu valor no seu ponto máximo de liberdade, mas a geografia das redes mantém-se, ou aumenta, criando assim um discurso sem auditório e sem violência. O ciberespaço não elimina as fronteiras entre as sociedades, mas torna-as apenas invisíveis, o que pode dar aos valores e poderes uma força nunca antes imagináveis. Existe então redução da exterioridade, o que por consequência leva à condenação de uma cultura. Os objectos são substituídos por representações, e essas representações de representações, havendo um processo infinito de representações. Os objectos reais tornam-se cada vez menos importantes, a esses objectos reais dá-se um valor tão grande que passa a haver sobre esses objectos irreais um poder invisível. O indivíduo, deixa de lhe ser atribuída essa expressão e passa a ser um simples “utilizador”. O simples indivíduo já não lhe basta a boca para poder comunicar, apesar de mais facilmente poder comunicar, mas apenas poderá comunicar utilizando meios disponibilizados pelas instituições para que a sua mensagem seja transmitida. Esta rede considera-se infinita e com acesso infinito, permite que o indivíduo possa ver, aceder e comunicar com o infinito, tornando-se então num “anjo, fada e seria”, visto serem estas as figuras que conseguem atingir os pontos mais infinitos do planeta. Existe, se necessário, uma actualização da lei para satisfazer o desejo que existe. O conhecimento torna-se tão fácil de adquirir que o indivíduo não lhe dá grande valor porque está inserido num mundo noológico de conhecimento infinito, que é puramente virtual, onde o virtual toma um poder tão grande de conhecimento que torna-se a única realidade. Este desenvolvimento aumenta o desequilíbrio do conhecimento entre os países ricos e os países pobres, mas havendo também a possibilidade de acesso á informação dos países ricos. Dando assim possibilidade dos países pobres se aproximarem dos países ricos em termos de informação e comunicação. O ciberespaço não tem fim, e está desorganizado. Do seu início ao seu infinito é constituído pelo tempo necessário a reencontrar o ponto de partida, tudo tem ligação ao seu início. No ciberespaço o indivíduo é activo, interage usando a tecnologia, é que uma ferramenta, o seu objectivo é organizar, ordenar e adquirir informação. O seu espaço virtual poderá ser criado a seu gosto ou à sua imagem. O seu planeta já não é a Terra, mas sim o Windows (ou outro OS). O problema do ciberespaço não é o “lixo”, mas sim, a ausência de valores que possam identificar a teleogia das coisas, e identificar os valores com a situação do homem numa nova metafísica naturalista.
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