sexta-feira, 25 de abril de 2014

Fundamentos do Design: Fontes Tipográficas

Blog Post: Fundamentos do Design: Fontes Tipográficas [en] Fundamentals of Design: Typographic Fonts

Índice
1. Definição de “Fonte Tipográfica"
2. História da Tipografia
3. Tipos de letra
4. Tipografia
5. Origem dos “Serifs”
6. Sans Serif (Sem Serifa)
7. Fontes Com Serifas
    7.1. Bodoni
    7.2. Garamond
    7.3. Times New Roman
8. Fontes Sem Serifas
    8.1. Akzidenz Grotesk
    8.2. Arial
    8.3. Gill Sans
    8.4. Helvética
    8.5. Optima
    8.6. Univers
    8.7. Verdana
9. História das letras Maiúsculas / Minúsculas
10. Caixa Alta
    10.1. Uso de caixa alta
11. Terminologia tipográfica
    11.1. Typeface
    11.2. Baseline
    11.3. Kerning
    11.4. Tracking
12. Corpo da letra
13. Design gráfico
    13.1. História do design gráfico
14. Bauhaus
    14.1. Histórico
    14.2. Projecto de ensino
    14.3. Curiosidades
    14.4. Nomes ligados à Bauhaus




1. Definição de “Fonte Tipográfica"

Uma fonte tipográfica (ou simplesmente fonte) que, em português correcto, se deve dizer tipo - tal como em galego, castelhano, italiano, etc. - é um padrão, variedade ou colecção de caracteres tipográficos com o mesmo desenho ou atributos e, por vezes, com o mesmo tamanho (corpo). Assim, dizemos correctamente tipo Garamond, tipo Arial, tipo Baskerville, ou tipo redondo, tipo itálico. A utilização errónea do anglicismo fonte com o sentido de tipo tem sido principalmente disseminada desde a década de 80 por usuários de computadores anglicizados e por programas Microsoft deficientemente traduzidos para português, a partir do termo inglês font (do latin fundita, do verbo fundere, fundir), que nada tem a ver com a palavra fonte do português (do latim fonte, a que corresponde fount ou fountain em inglês). O processador de texto Microsoft Word em versão portuguesa de Portugal usa a expressão tipo de letra em vez de fonte.

A expressão fonte tipográfica é eventualmente usada como um sinónimo de família tipográfica, mas isso é um engano, a família tipográfica é o conjunto de variações de determinada fonte (itálico, versalete, etc.).


2. História da Tipografia

Antes da tipografia digital não havia confusão entre fonte (que não era usada em português de Portugal) e família tipográfica. No passado, onde e quando era usada, fonte era uma referência de peso ou quantidade de tipos. Além disso, cada conjunto de um determinado corpo (tamanho) de tipo era adquirido separadamente, isso valia também para as variações do tipo (itálico, versalete, etc.).

Hoje, quando alguém adquire uma determinada família tipográfica, na maioria dos casos, está adquirindo um arquivo digital com todos os possíveis corpos (tamanhos) e muitas vezes as variações do tipo também. Isso deve-se ao fato dos tipos digitais serem vectoriais, portanto, escalonáveis, ou seja, não é necessário produzir cada corpo do tipo.

É curioso que a palavra fonte, onde era usada, tenha sobrevivido à mudança tecnológica, isso talvez se deva ao fato de que nem sempre uma fundidora de tipos digitais ofereça todas as variações de uma determinada família em apenas um conjunto. Por exemplo, uma versão versalete pode não pertencer a um conjunto de uma determinada família. Logo seria necessário adquirir a "fonte versalete" daquela família separadamente.

Portanto, a princípio, a fonte ou, mais correctamente, o tipo, refere-se apenas a cada conjunto, mesmo que incompleto, de uma família tipográfica. Mas como isso não tem a mesma importância que já teve o termo fonte tem sido usado como sinónimo de família, pois a maioria dos tipos não existe mais fisicamente.


3. Tipos de letra

É importante, acima de tudo, perceber que a escrita - com pincel, pena, lápis ou caneta - evoluiu da mão. Apesar de hoje estarmos habituados a um mundo digital é importante lembrar que foi à mão que a escrita foi inventada. Alguns de nós não se lembram de um mundo sem computadores. A grande maioria de nós, senão mesmo todos, não nos lembramos da ausência da máquina de escrever e duvido que alguém vivo se lembre da ausência do jornal e portanto da prensa. Claro que as coisas evoluíram de um modo exponencial, mas isso já se aplica a quase todos os ramos da nossa sociedade. Nada parece andar devagar nos dias de hoje. Enquanto que há 100 ou 200 anos os tipos de letra se contavam pelos dedos de uma mão, no máximo duas, hoje em dia facilmente um utilizador doméstico de um computador ultrapassa o limite imposto pelo sistema sobre quantos tipos de letra pode ter instalado.


4. Tipografia

A tipografia (do grego typos — "forma" — e graphein — "escrita") é a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente. Assim como no design gráfico em geral, o objectivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa. Tipografia também é um termo usado para a gráfica que usa uma prensa de tipos móveis.

Na grande maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lido e os objectivos da sua publicação. Em trabalhos de design gráfico experimental (ou de vanguarda) os objectivos formais extrapolam a funcionalidade do texto, portanto questões como legibilidade, nesses casos, podem acabar sendo relativas.

No uso da tipografia o interesse visual é realizado através da escolha adequada de fontes tipográficas, composição (ou layout) de texto, a sensibilidade para o tom do texto e a relação entre texto e os elementos gráficos na página. Todos esses factores são combinados para que o layout final tenha uma “atmosfera” ou “ressonância” apropriada ao conteúdo abordado. No caso da mídia impressa, designers gráficos (ou seja, os tipógrafos) preocupam-se com a escolha do papel adequado, da tinta e dos métodos de impressão.

Por muito tempo o trabalho com a tipografia, como actividade projectual e industrial gráfica, era limitado aos tipógrafos (técnicos ou designers especializados), mas com o advento da computação gráfica a tipografia ficou disponível para designers gráficos em geral e leigos. Hoje qualquer um pode escolher uma fonte (tipo de letra) e compor um texto simples num processador de texto. Mas essa democratização tem um preço, pois a falta de conhecimento e formação adequada criou uma proliferação de textos mal diagramados e fontes tipográficas mal desenhadas. Talvez os melhores exemplos desse fenómeno possam ser encontrados na Internet.

O conhecimento adequado do uso da tipografia é essencial aos designers que trabalham com diagramação, ou seja, na relação de texto e imagem. Logo a tipografia é um dos pilares do design gráfico e uma matéria necessária aos cursos de Design. Para o designer que se especializa nessa área, a tipografia costuma se revelar um dos aspectos mais complexos e sofisticados do design gráfico.

Texto em itálico, texto a negrito, Invenção da imprensa. A tipografia clássica baseia-se em pequenas peças de madeira ou metal com relevos de letras e símbolos — os tipos móveis. Tipos rudimentares foram inventados inicialmente pelos chineses. Mas, no século XV, foram redescobertos, por Johann Gutenberg, com a invenção da prensa tipográfica. A diferença entre os tipos chineses e os de Gutenberg é que os primeiros não eram reutilizáveis. A reutilização dos mesmos tipos para compor diferentes textos mostrou-se eficaz e é utilizada até aos dias de hoje, constituindo a base da imprensa durante muitos séculos. Essa revolução que deu início à comunicação em massa, foi chamada pelo teórico Marshall McLuhan como o início do “homem tipográfico”.

Mesmo com o invento dos computadores e da edição electrónica de texto, a tipografia permanece viva nas formatações, estilos e grafias.


5. Origem dos “Serifs”

Tipos de letra Serif são aqueles a que vulgarmente chamamos tradicionais. São tipos de letra que encontramos em livros antigos. O Serif é o nome que se dá àquelas pequenas perninhas e arredondados nas pernas e pontas das letras. Podemos considerar os tipos de letra "Black Letter" como os primeiros tipos Serif. São tipos de letra em que apenas existem as maiúsculas e são geralmente bastante trabalhadas. Um exemplo é o "Old English".

Eram letras muito rebuscadas, muito trabalhadas e complicadas e, na sua grande maioria, de difícil leitura! Estávamos no século XV quando se iniciava, talvez, a maior revolução tipográfica que veio com o renascimento e a admiração da simplicidade grega e romana nas artes. Foi nesta altura que as letras minúsculas foram criadas e adaptadas à prensa de Gutenberg, a qual tinha sido inventada há pouco tempo. Mas apesar de ser um tipo novo de letra foi intitulado de "Antiqua" pois foi inspirado nas letras Gregas e Romanas, mas com minúsculas. Mais tarde estas letras passaram a ser conhecidas como "Old Style" ou "Humanist Antiqua". Engraçado ver que são estes tipos de letras (ou suas réplicas) que hoje são usados para dar um aspecto moderno e avançado a um texto. Letras como o Garamond, Minion ou Jenson. São letras com uma espessura relativamente uniforme e que mesmo assim, em muitos casos, mantinham um aspecto de terem sido feitas à mão especialmente com a criação do itálico que também apareceu por esta altura. O itálico era considerado um pouco "alternativo" e não fazia parte da tipografia tradicional.

As coisas evoluíram lentamente até ao século XVIII quando começou a aparecer um outro tipo de escrita. Pode-se chamar uma época de transição. Será talvez o ponto mediano entre aquilo que hoje chamamos os tipos modernos e os tipos "Old Style". Deste estilo de transição fazem partes tipos de letra conhecidos de todos nós como o “Times Roman” e “Baskerville”. A espessura já e visivelmente diferente no traço horizontal, diagonal ou vertical, criando mais contraste entre as próprias letras. As letras são mais simétricas e começam a evidenciar um aspecto mais mecânico e menos artesanal. São letras bastante neutras pela sua fácil leitura e acabam por ser, ainda hoje, usadas em todo o tipo de situações em que a concentração na leitura é essencial. O “Times Roman” ainda hoje é o tipo de letra escolhido na grande maioria dos livros e até como fonte "default" nos processadores de texto dos computadores:

Este tipo de letra continuou a evoluir até se tornar rebuscado, levando os Serifs a extremos e dificultando até a leitura. Estes tipos de letras - chamados de modernos - rapidamente passaram de moda por isso mesmo. Os Serifs começaram a ser muito compridos e finos, aumentando o contraste das letras de tal forma que o leitor tinha mesmo de se esforçar para manter a sua atenção no texto. Claro que isto ajudou à evolução e criação de uma nova categoria: o Sans Serif.


6. Sans Serif (Sem Serifa)

Sans Serif que é isso mesmo: sem o Serif. Apesar de já aparecer em textos mais antigos, foi apenas em 1920 e 1930 que esta categoria de letras realmente se afirmou e cresceu. É quase inacreditável que até então não se tivesse pensado em retirar os Serifs das letras, mas se pensarmos que as letras nasceram da escrita, é fácil perceber a dificuldade que alguém a escrever com tinta tinha em manter uma linha perfeita, uniforme, e sem algum borrão nos pontos onde parava ou levantava a caneta. Assim percebe-se, até certo ponto, a origem dos Serifs.

Quando apareceram os primeiros textos feitos com este tipo de letra - Sans Serif - o efeito foi tal que o primeiro nome que lhe deram foi de "grotesco". Claro que com o passar do tempo e a evolução do design para movimentos como o Bauhaus, o lado estético foi, até certo ponto, ignorado e o design só o era quando era prático e útil. O maior exemplo desta época e deste tipo de letra talvez seja o Futura:

No entanto não foi a Futura que ficou conhecida como tipo de letra Sans Serif. Esse título ficou para a Helvética. Apesar de revolucionário, esta nova categoria não eliminou a anterior, mas sim complementou-a e deu-nos mais opções sobre o que usar, quando e onde.

Este muito pequeno resumo acerca dos tipos de letra é talvez útil para se poder escolher tipos de letra adaptados ao tipo de trabalho que estamos a fazer. O tipo de letra provoca um impacto bastante importante no leitor e poderá fazer a diferença entre capturar a sua atenção ou deixa-lo distrair-se. Não vamos escrever textos Shakespeareanos num tipo Sans Serif, nem vamos tentar uma venda agressiva com um tipo Serif. No entanto a maioria dos projectos de design criam um problema de termos que conjugar dois ou mais tipos de letra, sem que se destaquem de tal forma que choquem a vista (a não ser que seja esse o objectivo). Geralmente para um projecto destes, o ideal é usar a mesma família de tipo de letra nas suas variantes (negrito, itálico). Por vezes é preferível arriscar uma certa tipo de letra “standard” e ter um projecto com uma fonte apenas, do que criar contrastes sem significado e despropositados.

7. Fontes Com Serifas

7.1. Bodoni
Bodoni é o nome de uma família tipográfica ou fonte.
A Bodoni foi criada por Giambattista Bodoni, considerado um dos maiores tipógrafos do Século XVIII.

7.2. Garamond
A palavra garamond refere-se aos tipos originais criados por Claude Garamond para sua tipografia em 1530. Atualmente, várias famílias tipográficas são comercializadas como interpretações dos tipos originais de chumbo, bastante populares e muito usadas na composição de texto corrido. Considerando-se que estas famílias são a própria Garamond, esta é uma das fontes mais antigas ainda em uso.
A Garamond divide com a Times New Roman o posto de fonte serifada mais popular do mundo (sendo o tipo serifado mais utilizado na França, seu país de origem).
Garamond é a fonte utilizada no Logotipo do Google Inc.

7.3. Times New Roman
A Times New Roman é uma família tipográfica serifada criada em 1932 para uso do jornal inglês The Times of London. Hoje é considerada um dos tipos mais conhecidos e utilizados ao redor do mundo (em parte devido ao fato de ser a fonte padrão em diversos processadores de texto). Seu nome faz referência ao jornal (Times) e ao facto de ser uma releitura das antigas tipografias clássicas (new roman).
Times New Roman é uma fonte que foi adaptada de tal forma que possui excelente legibilidade, misturando curvas clássicas e serifas, o que permite que seja usada tanto em livros e revistas quanto em textos publicitários e até relatórios de empresas.
A relação com a Microsoft: Uma versão da Times New Roman foi produzida pela Monotype para a Microsoft e foi distribuída em todas as cópias do Microsoft Windows desde a versão 3.1. Era utilizada como fonte padrão em muitos aplicativos de software, especialmente navegadores e processadores de texto. A Microsoft, no entanto, procura substituir a Times New Roman com uma nova fonte sans-serif, Calibri.


8. Fontes Sem Serifas

8.1. Akzidenz Grotesk
Akzidenz Grotesk é uma antiga tipografia criada em 1898 pela type foundry Berthold em Berlim.
Esta Sans Serif tornou-se um grande sucesso e foi muito imitada por várias fundições de tipos. Como todas as sans serif da época, Akzidenz Grotesk era principalmente usada como um tipo display, entretanto foi incluída uma caixa-baixa bastante aceitável para textos.
Akzidenz Grotesk foi provavelmente cortada por algum experiente porém anónimo puncionista (artífice que grava punções, em inglês: punchcutter) da Berthold.

8.2. Arial
Arial é uma família de fontes sem-serifa, ou seja, um conjunto de fontes (como Arial Bold, Arial Italic, Arial Bold Italic) derivadas da fonte "padrão" Arial (ou Arial Regular). Também pode designar uma fonte específica, a Arial Regular (normalmente não se utiliza o termo "regular" para uma fonte sem negrito, itálico, condensada ou expandida).
A Arial é conhecida entre os designers gráficos pela sua semelhança com um tipo bastante famoso na história do design moderno, a Helvetica da Linotype. No entanto, são comuns as críticas à Arial que atribuem-lhe um papel de "cópia inferior da Helvetica". De fato, porém, a Arial é inspirada no desenho de uma outra fonte, a Akzidenz Grotesk (a qual também serviu de inspiração ao desenho da Helvetica).
Origem: Esta fonte foi desenvolvida como uma fonte bitmap sem-serifa por Robin Nicholas e Patricia Saunders em 1982 nos escritórios da Monotype no Reino Unido, por encomenda da IBM, a qual usava uma fonte similar, a Helvetica, adquirida à Linotype, na impressora IBM 4250. Talvez tenham pedido à Monotype para desenvolver uma fonte sem serifa e metricamente igual à Helvetica, para efeitos de compatibilidade, pelos elevados custos de licenciamento cobrados pela Linotype. Esta nova fonte seria incluída numa nova série de impressoras a laser (IBM 3800).
A Monotype então cria uma fonte baseada numa já existente, a Monotype Grotesk, metricamente semelhante à Helvetica, mas com leves alterações quanto à forma e ao espaçamento entre letras, de forma a ser mais legível em monitores em várias resoluções. Nesta altura, julga-se que o nome Arial não existia, e a IBM denominou-a "Sonora Sans" (e a Times New Roman por "Sonora Serif").

8.3. Gill Sans
A Gill Sans é uma fonte tipográfica sem serifa criada por Eric Gill de 1927 a 1930. É uma das primeiras fontes caracterizadas como grotescas, tendo influenciado o projecto de diversas outras, como a Helvetica.

8.4. Helvética
A Helvetica é uma família tipográfica sem-serifa, considerada como uma das mais populares no mundo. Devido às preocupações que originaram o seu desenho, é uma das fontes mais associadas ao modernismo no design gráfico.
A Helvetica foi desenvolvida por Max Miedinger em 1957 para a tipografia suíça Haas’sche Schriftgießerei. Seu título é derivado de helvetia, o nome latino da Suíça. A fonte é baseada numa tipografia mais antiga chamada Akzidenz Grotesk, criada em 1898. A Helvetica, originalmente chamada Haas-Grotesk, é uma fonte sem serifa bastante limpa e um dos princípios de seu projecto foi a máxima legibilidade.

8.5. Optima
Optima é uma família de fontes sem-serifa desenhadas por Hermann Zapf entre 1952 e 1955. Em 2002, Hermann Zapf em colaboração com Akira Kobayashi, director de arte na Linotype GmbH, redesenharam e criaram uma variante, a Optima Nova. Esta nova família de fontes apresenta a fonte no estilo itálico, de forma "verdadeira" (ao contrário da original); assim como uma série de fontes condensadas, e a Optima Nova Titling com ligaduras.
Esta fonte é comercializada com outros nomes por outras empresas. A Bitstream comercializa com o nome de Zapf Humanist; a WSI Fonts com o nome de Optane; a Rubicon com o nome de Opulent; CG Omega; Eterna.

8.6. Univers
A Univers é uma família tipográfica sem-serifa bastante popular. Foi desenhada por Adrian Frutiger e publicada pela Deberny & Peignot em 1957. A fonte é conhecida pela sua limpeza e legibilidade a longas distâncias.
A Univers foi uma das primeiras famílias a serem desenhadas pensando-se em todas as suas variações e tamanhos. Frutiger criou um sistema próprio para a categorização dos tipos, usando um código de números ao invés de nomes (são 21 variações ao todo, incluindo as itálicas, negritos, estendidas, etc). A versão regular é reconhecida pelo código 55, as itálicas possuem números pares e as demais, ímpares.

8.7. Verdana
Verdana é uma família tipográfica sem-serifa concebida pelo designer Matthew Carter para a Microsoft Corporation, e com colaboração no hinting manual (hand-hinting) de Tom Rickner da Agfa Monotype.
Origem: A verdana foi publicada em 1996 pela Microsoft e passou a ser distribuída em cada edição de seu sistema operacional Windows, no Microsoft Office e com o Internet Explorer (desta forma a fonte está difundida tanto em Windows quanto em Mac OS). Além disso, uma versão reduzida da verdana (com menos grafemas que a versão original), denominada e inserida no pacote Core fonts for the Web, esteve disponível para download gratuito no sítio oficial da Microsoft durante bastante tempo, de forma a que pudesse ser utilizada em qualquer sistema que suportasse fontes TrueType. Consequentemente, hoje em dia, a verdana está instalada na maioria dos computadores, mesmo em Unix e Linux. A versão Core fonts for the Web da verdana ainda está disponível para download em sites externos; ver a secção Ligações externas.


9. História das letras Maiúsculas / Minúsculas

No Latim clássico não existia a distinção entre maiúsculas e minúsculas. Todos os textos eram escritos com letras semelhantes àquelas que hoje conhecemos como as maiúsculas. Aquilo a que hoje chamamos as letras minúsculas, ou em caixa baixa, nada mais é do que a imitação das letras das inscrições em pedra pelos escrivãos que as tinham de desenhar em suportes mais parecidos com o papel (sobretudo o papiro). A diferença entre a letra imitada e a minúscula criada deve-se às características dos diferentes instrumentos de escrita usados, martelo e escopro no primeiro caso, cálamo ou pena no segundo. No essencial, a criação da maior parte das letras minúsculas deu-se entre o Séc. IV e o Séc. VI. Algumas letras minúsculas não foram criadas de todo, isto é, os símbolos usados são os mesmos das maiúsculas, sendo representados com um tamanho ligeiramente inferior. É o caso, por exemplo, do C, do K, do X ou do Z.

Quando surgiram, as minúsculas não eram vistas como um complemento às maiúsculas, mas como uma alternativa para a escrita cursiva (caligrafia). Quer isto dizer que um escrivão recorria só a umas ou só a outras, não as misturando.

A ideia de que maiúsculas e minúsculas constituem alfabetos tipográficos diferentes e complementares (podendo, por exemplo, uma palavra ter a primeira letra em caixa alta e as restantes em caixa baixa), nasce durante a Idade Média. Quando a escrita e a cultura se refugiam nos mosteiros, os livros passam a ser vistos como objectos artísticos que valem não só pelo seu conteúdo mas também pelo seu aspecto físico. Assim, as iluminuras medievais desenvolvem a arte das maiúsculas nas letras que iniciam cada capítulo de um livro. É por isso que, ainda hoje, se chama Capitular à letra maiúscula, maior do que as restantes, que inicia um texto.

Durante este período, o cânone da escrita deixou de ser a inscrição na pedra, para passar a ser o desenho no papel. Deste modo, as letras maiúsculas, mais difíceis de usar em caligrafia, caíram em desuso para os textos correntes, sendo vistas como algo de arcaico mas elegante, próprio dos tempos glorificados da antiguidade. É assim que nasce a noção inconsciente de que as maiúsculas são para coisas mais importantes do que as minúsculas. Começa-se então a usar maiúsculas para dar ênfase a determinadas palavras, como nomes próprios.

Por outro lado, o uso da gramática latina entra num processo de degradação irreversível, com a consequente introdução de inovações e alterações que levarão à morte do Latim e ao nascimento das línguas românicas modernas como o Português. As funções gramaticais das palavras e as orações deixam de ser identificadas pela flexão gramatical do Latim (as declinações). Assim, surge a pontuação e as maiúsculas passam a marcar o início das frases.

No Alemão todos os substantivos são grafados com a primeira letra em caixa alta. Também no Inglês essa regra foi seguida até ao Séc. XVIII e no Neerlandês até 1948. A profusão de maiúsculas nas letras iniciais de palavras e em títulos de obras é um traço típico das línguas germânicas que teve o seu auge durante o Séc. XVIII, havendo, desde então, uma evolução para um uso mais moderado. Tradicionalmente, as línguas latinas foram sempre mais comedidas no uso das maiúsculas (por exemplo, nos títulos de obras, pela tradição e segundo as normas académicas, apenas a primeira palavra tem a letra inicial em caixa alta).


10. Caixa Alta

Caixa alta é uma expressão usada para referir a escrita com letras maiúsculas. É o mesmo que versais ou capitais. Caixa baixa, por seu turno, corresponde à escrita com letras minúsculas.

A terminologia caixa alta e caixa baixa é usada em todos os sectores e profissões editoriais (editores, revisores, grafistas, jornalistas). Maiúsculas e Minúsculas são os termos usados na Linguística, nas Letras e Humanidades em geral e no ensino.

Na tipografia, os caracteres móveis — inicialmente em madeira e mais recentemente em chumbo — estão dispostos numa caixa dividida internamente, formando caixas mais pequenas (os “caixotins”). Para facilitar o acesso do compositor aos caracteres, a caixa é colocada sobre um cavalete inclinado. A parte contendo os caracteres mais usados (as minúsculas, a pontuação mais comum, os espaços, os algarismos) ficava num plano mais baixo, mais acessível — era a caixa baixa. A parte com as maiúsculas, os caracteres acentuados e sinais e símbolos menos usados ficava no topo — era a caixa alta.

Assim, com o tempo usar a caixa alta passou a significar “escrever em maiúsculas”, enquanto usar a caixa baixa significa “escrever em minúsculas”.

É comum o uso das abreviaturas C.A. (caixa alta) e c.b. (caixa baixa).

10.1. Uso de caixa alta
A forma como as letras em caixa alta são usadas, varia muito de país para país, havendo claramente uma tradição germânica e uma dos países latinos. Mesmo dentro de cada país há diferentes regras em uso conforme o editor e a finalidade dos textos em causa.

Na língua portuguesa existem várias normas em uso. Até ao aparecimento da informática, as regras de uso das maiúsculas e minúsculas eram mantidas pelos compositores, que as transmitiam “de mestre para discípulo”. O desaparecimento desta profissão (passando a composição do texto a ser feita pelos próprios autores dos textos nos seus computadores) e o facto de as normas serem transmitidas oralmente quase não existindo fontes escritas levaram a uma certa desorganização nesta área, como em outras da tipografia.

Hoje em dia, assiste-se a um processo quase imparável de esquecimento, abandono e adulteração das tradições da tipografia e da composição em Língua Portuguesa e de adopção sistemática de normas de outras línguas, sem que haja sequer consciência desse processo.

Em Portugal, as normas sobre maiúsculas de virtualmente todos os manuais e livros de estilo em vigor derivam das normas da Imprensa Nacional, incluindo o já célebre Código de Redacção Interinstitucional da União Europeia. Contudo, as alterações introduzidas desde o Acordo Ortográfico de 1945 à norma das citações bibliográficas não foram acatadas pelo meio académico e científico (que tem continuado a usar largamente o sistema de caixa alta apenas na letra inicial da primeira palavra).


11. Terminologia tipográfica

Antes de iniciar a criação e manipulação de texto, convém ter algumas noções básicas sobre a terminologia tipográfica que algumas opções do Flash usam.

11.1. Typeface
Typeface ou fonte é um conjunto completo de caracteres (caixa alta, caixa baixa, números, caracteres especiais, etc.) desenhados num estilo específico. Por exemplo a mesma palavra com diferentes typefaces pode parecer bastante diferente.

11.2. Baseline
A baseline no texto é uma linha imaginária onde os caracteres se apoiam.

11.3. Kerning
Kerning é o espaço entre um par de caracteres. Cada fonte pode ter valores de kernings especiais fazendo com que alguns caracteres estejam mais próximos entre si do que os restantes, dependendo da sua forma. Por exemplo, as maiúsculas A e V, quando seguidas têm formas complementares pelo que são colocadas mais próximas do que o A e o N.

11.4. Tracking
Tracking é o espaço entre caracteres numa linha de texto. Este espaço, ao invés do kerning, é uniforme. Pode ser facilmente confundido com o kerning, mas o kerning apenas se aplica entre pares específicos de caracteres enquanto que o tracking se aplica a todo um conjunto de texto.


12. Corpo da letra

Os artistas gráficos trabalham com as diferentes emoções que suscitam tipos de letras (fontes), tamanhos, cores, ângulos, transparências, movimentos (no caso da web-art), posicionamento na folha, etc.

A letra tem um poder de não apenas juntar-se a outras formando palavras de forma descompromissada e sem consequências que possam ir além do conteúdo do enunciado, mas tem o que se chama de "corpo". A diferença em relação ao nosso corpo é que este é significado por cada sujeito, que transforma a sua carne em corpo através da sua relação com o Outro. Assim, a matéria biológica carne passa a ter uma representação simbólica e imaginária tornando-se corpo. Já no caso da letra, a sua "carne" ou substrato ou forma, é significada pelo sujeito que lê. Ou pelos sujeitos que lêem. Mas curiosamente, não de maneiras tão imensamentes diferentes. Ou seja: existe um certo acordo na corporização da carne da letra, geralmente para sujeitos de um mesmo grupo social. Este acordo é estudado pelos artistas gráficos que tentam transmitir uma mensagem através desse "algo mais" que a letra tem, mensagem esta que chegue suscitando mais ou menos a mesma coisa no maior número de pessoas possível.

A grafologia também se ocupa das letras, mas me parece ainda mais difícil analisar algo tão infinitamente diverso quanto as produções de diferentes sujeitos, em diferentes momentos e estados de espírito, com diferentes lápis ou canetas e assim por diante e cujo resultado é quase, e por que não dizer, único.

O uso de frases longas ou curtas também colabora enquanto "comunicação-não-verbal". Em uma conversa onde há empatia e acordo entre os participantes há uma regulação do volume, timbre e tempo (tamanho das frases) de cada um. Quando a conversa "vai bem", geralmente as falas tem a mesma duração. Isso pode ser reproduzido na conversa das salas ditas virtuais através do tamanho das frases.


13. Design gráfico

O design gráfico é uma forma de comunicação visual. É o processo de dar ordem estrutural e forma à informação visual, trabalhando frequentemente a relação de imagem e texto. Podendo ser aplicada a vários meios de comunicação, sejam eles impressos, digitais, audiovisuais, entre outros.

O profissional que realiza esse tipo de função é o designer gráfico. No entanto, mesmo existindo uma formação específica para essa área, vários tipos de profissionais actuam como designers gráficos – notoriamente os publicitários especializados em design gráfico assim como ilustradores e artistas gráficos.

Tradicionalmente os princípios do design gráfico estavam ligados a um formalismo e o funcionalismo. Actualmente, com o desenvolvimento da Internet e da teoria do design de informação, há uma preocupação maior com a informação e o papel do usuário no design gráfico.

13.1. História do design gráfico
O design gráfico é uma actividade que tem as suas origens na pré-história com as primeiras representações visuais. Mas é só no final do século XIX (quando há uma separação mais definida entre designer, artista e artesão) que o designer gráfico começa a ganhar auto consciência. É claro que essa separação nunca foi absoluta e até hoje há debate sobre definições de design gráfico. O próprio termo design gráfico só é cunhado em 1922.


14. Bauhaus

A Staatliches Bauhaus (literalmente, casa estatal de construção, mais conhecida simplesmente por Bauhaus) foi uma escola de design, artes plásticas e arquitectura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitectura, sendo uma das primeiras escolas de design do mundo.

14.1. Histórico
Sede da Bauhaus em Dessau, Alemanha. o Edifício foi projetado por Walter Gropius, diretor da escola.

A escola foi fundada por Walter Gropius em Weimar no ano de 1919, a partir da reunião da Escola do Grão-Duque para Artes Plásticas com a Kunstgewerberschule. A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial. A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitectura, artesanato, e uma academia de artes, e isso acabou como sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se passaram ali.

Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí dever-se-ia criar um novo estilo arquitectónico que reflectisse essa nova época. O seu estilo tanto na arquitectura quanto na criação de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientação para a produção em massa, sem jamais limitar-se apenas a esses objectivos. O próprio Gropius afirma que antes de um exercício puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e através da separação daquilo que é meramente arbitrário do que é essencial e típico, permitir ao espírito criativo construir o novo em cima da base tecnológica já adquirida pela humanidade. Por essas razões Gropius queria unir novamente os campos da arte e artesanato, criando produtos altamente funcionais e com atributos artísticos. Ele foi o diretor da escola de 1919 a 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe.

A Bauhaus tinha sido grandemente subsidiada pela República de Weimar. Após uma mudança nos quadros do governo, em 1925 a escola mudou-se para Dessau, cujo governo municipal naquele momento era de esquerda. uma nova mudança ocorre em 1932, para Berlim, devido à perseguição do recém-implantado governo nazista.

Em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo hitleriano, a Bauhaus é fechada, também por ordem do governo. Os nazistas que se opuseram à Bauhaus durante a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que tivesse uma orientação política de esquerda. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. Escritores nazistas como Wilhelm Frick e Alfred Rosenberg clamavam directamente que a escola era "anti-Germânica," e desaprovavam o seu estilo modernista. Contudo, a Bauhaus teve impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitectura do ocidente europeu, e também dos Estados Unidos da América nas décadas seguintes - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazista.

O principal campo de estudos da Bauhaus era a arquitectura (como fica implícito até pelo seu nome), e procurou estabelecer planos para a construção de casas populares baratas por parte da República de Weimar. Mas também havia espaço para outras expressões artísticas: a escola publicava uma revista chamada Bauhaus e uma série de livros chamados Bauhausbücher. O director de publicações e design era Herbert Bayer.

14.2. Projecto de ensino
Apesar de ter passado por diversas alterações em seu perfil de ensino à medida que a direcção da escola evoluía, a Bauhaus, de uma forma geral, acreditava que os seus próprios métodos de ensino deveriam estar relacionados às suas propostas de mudanças nas artes e no design. Um dos objectivos principais da Bauhaus era unir artes, artesanato e tecnologia. A máquina era valorizada, e a produção industrial e o desenho de produtos tinham lugar de destaque.

O Vorkurs - literalmente curso preparatório - era um curso exigido a todos os alunos e ministrado nos moldes do que é o moderno curso de Desenho Básico, fundamental em escolas de arquitectura por todo o mundo. Não se ensinava história na Bauhaus durante os primeiros anos de aprendizado, porque acreditava-se que tudo deveria ser criado por princípios racionais ao invés de ser criado por padrões herdados do passado. Só após três ou quatro anos de estudo o aluno tinha aulas de história, pois assim não iria influenciar suas criações.

14.3. Curiosidades
Actualmente a Bauhaus de Weimar mantém a sua liderança como uma das melhores universidades na Alemanha, leccionando sobretudo o ramo da arquitectura, mas estando também integrada num núcleo de outros pólos de ensino ligado às artes e de onde se destaca design, media, música, entre outros. O ensino da Bauhaus encontra-se intrínseco na própria forma de leccionar da escola actualmente, baseando-se muito na experimentação prática de ideias e na realização de seminários e workshops para confronto de conhecimentos. O edifício inicial projectado por Walter Gropius sofrera inúmeras modificações após a Segunda Guerra. Em 1994 inicia-se um processo de reforma visando restabelecer ao edifício sua condição original. O empreendimento foi promovido pela Fundação Bauhaus e coordenado pela arquitecta Monika Markgraf. Devido a inexistência do projecto original o trabalho foi árduo e concluído somente em 2007. Ainda hoje é o edifício principal do pólo da universidade, destacando-se o escritório de Walter Gropius, mantido inalterado.

14.4. Nomes ligados à Bauhaus
Alguns artistas e professores da Bauhaus:
Walter Gropius
Josef Albers
Marcel Breuer
Lyonel Feininger
Johannes Itten
Wassily Kandinsky
Paul Klee
Gerhard Marks
László Moholy-Nagy
Georg Muche
Hinnerk Scheper
Lyonel Feininger
Oskar Schlemmer
Joost Schmidt
Lothar Schreyer
Gunda Stölzl
Marianne Brandt
Dietmar Starke
Omar Akbar

Escritora ligada à Bauhaus:
Magdalena Droste, Autora de um livro de memorias cujo titulo é o mesmo que o da escola.

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